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sexta-feira, 11 de março de 2011

A Casa de Deus



Ao chegar ao Templo e se deparar com a quantidade de vendedores que ali comercializavam mercadorias Jesus toma um chicote e expulsa os comerciantes daquele local sagrado.  A atitude de Jesus, mais que seu impacto agressivo, demonstra o zelo pela casa do Senhor e também a dor por ver desvirtuada a destinação própria do lugar.
O Templo deixava de ser o local sagrado para se tornar lugar de comércio e – pior – de exploração.  As práticas religiosas perdiam, assim, o caráter místico ou sagrado para se tornarem fonte de jugo e humilhação. Com isso, alimentava-se um comércio espúrio e imoral.  A atitude de Jesus vem, portanto, em resgate do verdadeiro sentido do espaço destinado à oração e ao encontro com Deus. 
A tradição cristã nos fala desse episódio como “a expulsão dos vendilhões do Templo”.  E nos fala com propriedade.  Segundo o dicionário Aurélio, vendilhão significa (em seu sentido figurado) aquele que trafica coisas de ordem moral.  Essa era a prática dos vendedores que viviam do comércio do Templo.  Ainda que apresentassem para comercialização mercadorias que seriam utilizadas nos cultos, o sentido da apresentação dos sacrifícios ao Senhor havia sido totalmente deturpado com o passar dos anos e com a interpretação errônea e maldosa da Lei.  Assim, aquele comércio simbolizava o tráfico moral, a transmutação da idéia amorosa de um povo que se oferece ao Seu Deus e a Ele se apresenta com oblações para a idéia da exploração, onde as pessoas eram incitadas a comprar para que não fossem excluídas de seus pares.
O apostolo Paulo nos ensina que somos templos do Espírito. Porém, nem sempre nossos corações são terrenos férteis para a mensagem de Deus, mas nele habitam o orgulho, a inveja, a raiva e o rancor, os vendilhões do mal que impedem que sejamos todos de Deus. 
Ao nos entregarmos totalmente a ELE, possamos deixar que Jesus tome do chicote e expulse de vez esses sentimentos que não deixam o amor florescer.  Possamos não nos transformar em fontes exploradoras dos outros, excluindo-os de nosso convívio por não serem iguais a nós.  Possamos fazer de nossos corações o templo sagrado, o santuário, o local por excelência do encontro verdadeiro com o Deus vivo.
Em sua prática inclusiva, Jesus manifestou historicamente a escolha de Deus por aqueles que foram condenados ao esquecimento.  Igualmente, sua prática de solidariedade para com as pessoas com deficiência, em pleno contexto cultural e religioso do ‘puro-impuro’, fez de Jesus um ‘impuro’ por excelência; a cruz foi a culminância de uma vida inteira na contramão da mentalidade da época, mas em benefício da vida dos ‘malditos’ e ‘impuros’.

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